segunda-feira, 9 de abril de 2012

O poder da influência das crianças na decisão de compra da família


Quem nunca assistiu algum dos canais de televisão paga pertencentes ao grupo Viacom? Quando pequenas assistíamos à Nickelodeon com bastante freqüência, e não imaginávamos que a publicidade influenciava nossas escolhas e as de nossos pais. Como telespectadoras, adoramos saber que o conteúdo do trabalho seria sobre a Viacom, especificamente a Nickelodeon e o poder de influencia do público infantil no consumo. No dia 02 de abril, tivemos uma palestra com a Adriana, profissional da área de mídia do grupo, e descobrimos um pouco mais sobre o assunto.

A Viacom Networks Brasil faz parte da Viacom Internacional, e é proprietária dos canais Nickelodeon, VH1, VH1 Mega Hits e Nick Jr, os quais produzem diferentes conteúdos para o mercado televisivo, por meio dos canais de televisão por assinatura, internet com sites de sucesso como Neopets, Mundonick e outros, além do mercado de cinema e homevideo, pela Paramount Pictures e Dreamworks. A Nickelodeon é um dos principais canais de entretenimento para crianças e uma das maiores produtoras de programas infantis. O canal oferece uma programação variada, de alta qualidade e repleta de novidades, incluindo séries e curtas produzidos exclusivamente para crianças.


O poder de influência do público infantil na decisão de compra cresce constantemente, obrigando os anunciantes e agências a não pensarem somente nos pais como consumidor final (buyers), mas também nos filhos (users). Isso é válido para quase todas as categorias de produtos. A pesquisa de mídia quantitativa realizada online com um painel de representatividade nacional pela Viacom intitulada “O poder da influência das crianças na decisão de compra da família”, entrevistou crianças com idades entre 9-14 anos e pais e mães com filhos de idades entre 6-14 anos. O estudo foi realizado pelo departamento de pesquisa da sede de Nova York e teve perguntas genéricas sobre a influência nas compras domésticas, hábitos de consumo e mídia.

Uma das categorias foi a mudança da fusão/coesão de papéis familiares. O relacionamento entre pais e filhos tem mudado com o passar do tempo tornando-se bastante diferente da geração passada, uma vez que o gap é menor. A pesquisa mostra que a maioria dos pais concorda que o filho ou filha é um de seus melhores amigos, o que tem dois lados: um positivo e um negativo. O positivo é a melhor relação que ambos possuem, já o negativo é a perda de controle dos pais sobre seus filhos. As famílias mudaram para um modelo menos hierárquico, onde todos têm algo a dizer. Com a maior proximidade hoje ambos compartilham muitas coisas em comum, principalmente programas de TV, meio pelo qual as crianças chamam a atenção para produtos e os desejam com mais frequência quando estão assistindo. Esses fatores emplacam numa maior atenção do anunciante quando for pensar na estratégia de abordagem do cliente e no plano de mídia.


Outro fator abordado foi que a colaboração entre filhos e pais pode ser vista através das categorias. Os pais pedem a opinião dos filhos sobre produtos comprados, principalmente para os mais velhos, e conversam com seus filhos antes de ir às compras, assim a campanha publicitária tem que atingir ambas as idades, também porque os pais acreditam que considerar a opinião dos filhos com seriedade é a oportunidade de ensiná-los que a opinião deles é importante. Ocorre uma decisão colaborativa desde as decisões dos lugares onde a família costuma ir junto como cinema e restaurantes, até a compra de produtos para os pais ou para a família, como vestuário, alimentação, calçados, férias e decisões sobre eletrônicos. As lojas de conveniência e mercearias são PDV´s bastante importantes para vender produtos da sua marca, pois é onde as crianças mais pedem para os pais comprarem e acabam conseguindo o que querem. Erra o anunciante que estiver apostando somente no público adulto (pais) ou somente no infantil (filhos). As marcas precisam entender um pouco mais como funcionam estas decisões colaborativas.


A última parte da pesquisa trata o que influencia os influenciadores como fontes de informação dos filhos. Os filhos confiam na internet e na tv para buscar informações sobre produtos/marcas, assim como os pais também são influenciados por comerciais de tv, que são bastante úteis nas decisões de compra. As crianças que assistem a Nickelodeon são mais articuladas e conectadas, e possuem maior poder de argumentação na hora da decisão e comunicação dos pais. Além da tv, elas buscam informação de produtos na internet, que funciona como uma extensão do meio televisivo.


Um case de sucesso e bastante interessante, que mostra justamente a questão de que as campanhas têm sim que serem destinadas aos dois públicos, tanto crianças, quanto adultos, é o da Nestlé, que quis entrar com a marca Nescafé no Japão. Como sabemos, este país, diferente do Brasil, tem tradição de tomar chá e ao invés de café. Daí o primeiro desafio para que a Nescafé obtivesse sucesso em vendas. Os produtores de café instantâneo decidiram investir em “hyperceptive branding”, trabalhando experiências positivas, emoções e sensações, desenvolvendo produtos à base de café para o público infantil.


Mais que trabalhar conteúdos de marca e ações estratégicas para adultos, eles decidiram focar nos públicos alvos mirins, conquistando primeiro as crianças para depois conquistar os pais. Foram criadas percepções satisfatórias para a categoria: produtos inéditos desenhados para esse segmento, como balas e aromas de café, embalagens e design coloridos, conteúdos e jogos para modificar o valor da criança em relação ao produto. Essa estratégia também serve para fidelizar novos clientes, já que fidelizando o público kids nesta fase, a tendência de que consumam o produto/marca no futuro e passem para seus filhos e amigos aumenta.


 
No Brasil, muitas empresas estão adotando esta nova forma de atrair consumidores. Redes varejistas, empresas de higiene e beleza, instituições financeiras e empresas de comunicação são alguns exemplos. A partir deste estudo pudemos concluir que as relações familiares mudaram, a decisão da família mudou, as crianças têm poder econômico como nunca tiveram antes e que precisamos conquistar a criança e o adulto nas campanhas publicitárias.


Fernanda Fiorotti Carriço Gianoto
Victoria Harari
CSO 6B



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