ESPALHE Marketing de Guerrilha |
De acordo com a pesquisa realizada pelo Socialbakers, das
cinco marcas que mais interagem com os consumidores, e, portanto, mais
cresceram no Facebook, quatro são clientes da Espalhe. Foi essa a agência que
veio a nossa aula, no dia 9 de maio, para falar sobre marketing de guerrilha.
Gustavo, diretor de criação e planejamento, falou conosco sobre a agência, que
está no mercado há nove anos, as mudanças de comportamento que viabilizaram o
tipo de ações que ela executa, seus clientes, entre eles, Trident, Halls, Chiclets, Guaraná, Dodge Ram, Chrysler, Jeep e três marcas da Danone, e, finalmente, seus casos de sucesso.
Antes de tudo, ele nos explicou a diferença entre a
funcionalidade da internet de hoje em dia e de 10 anos atrás. Antes, para
pesquisar algo na internet, devia-se usar o Yahoo como se fosse uma página
amarela. Por exemplo, se queria pesquisa sobre como retirar uma mancha de vinho
da camisa, devia-se pensar no top of mind da categoria correspondente, como
Omo, para encontrar o resultado.
Hoje em dia, qualquer palavra ou frase nos direciona à
pagina ou resultado procurado, como por exemplo, “como tirar mancha de vinho da
camisa”. Além disso, não são apenas empresas que estão presentes e produzindo
conteúdo na internet, qualquer pessoa, que tem acesso à internet, pode produzir
e distribuir o que quiser com muita facilidade. Somos todos emissores e
receptores simultaneamente. Gustavo comenta sobre essa mudança tecnológica e de
comportamento das pessoas: “Assim, acaba a preguiça no marketing”, explicando
que não há desculpa para não conseguir comunicar com o seu público.
Com todas essas mudanças, ou seja, com o hábito das pessoas
de produzirem e compartilharem conteúdo e com as novidades tecnológicas, a
Espalhe começou a fazer sentido. Isso é, usar as pessoas como veículo: a
agência dá o conteúdo para as pessoas e elas o espalham, seja ele por boca a
boca, pelas redes sociais, blogs e etc. Com tantos conteúdos produzidos a cada
minuto, o filtro é imprescindível, e criado, mesmo que inconscientemente, pelas
pessoas. São elas que decidem quais assuntos ou marcas são relevantes, falando
de alguns e não de outros. Sendo assim, as pessoas não vão mais atrás das
informações, se o assunto ou marca for interessante, a pessoa ficará sabendo
disso.
Sendo assim, não basta fazer propaganda para o seu negócio,
esta deve ser criativa e chamar atenção do seu público, fazendo com que a
campanha viralize, alcance um grande número de potenciais compradores e, por
consequência, passe a ser relevante. Em outras palavras, não é necessário
obrigatoriamente fazer um anúncio, pode ser qualquer ideia criativa e diferente
que fará com que a marca entre nas conversas e na vida dos consumidores. Além
disso, é mais eficiente ainda criar algo diferente, otimizando a verba, que
seja espalhada pelo público e aumente o awareness da marca. Esse foi o motivo
pelo qual o Festival de Cannes, maior festival de propaganda do mundo, deixou
de ser apenas festival de propaganda e passou a ser de criação.
Todas as empresas estão aprendendo com essas mudanças.
Antes, elas criavam a marca, o posicionamento, oferta para depois comprarem a
mídia para divulgarem tudo. Só depois que as pessoas ficassem sabendo de tudo o
que foi criado, a mídia espontânea direcionaria os consumidores ao canal do
proprietário, como seu site ou perfil em redes sociais, ou seja, para o owned
media. Hoje em dia, a prioridade delas mudou, apesar de continuarem com o mesmo
processo de definir a marca posicionada e a oferta, as empresas também dão uma
atenção especial à criação de uma base de fãs, para a qual fornecerá assuntos.
Uma vez que estes serão espalhados pelos consumidores, a mídia é comprada
(bought media) para potencializar a campanha, seu alcance e, finalmente, o seu
resultado. Ou seja, não adianta ter um site isolado, a marca tem que estar
presente onde os fãs estão, ou seja, no earned media.
Entra aí a importância dos tais de fãs. Afinal, quem são os
fãs? O fã é quem consome mais, fala mais sobre a marca e a defende mais, é o
advogado da marca, que é mais valioso que o consumidor. De acordo com
pesquisas, o fã consome 20% mais do que um consumidor normal. Gustavo
exemplifica, o quanto valioso é um fã: Angry Birds é o terceiro produto mais
pirateado do mundo. O criador, quando perguntado sobre o assunto, responde que
quer ser o produto mais pirateado do mundo. Como processar um fã da sua marca,
alguém que adora o produto e paga pirateado para poder jogar? Além disso, o
diretor de criação e planejamento nos dá um bom exemplo do poder e força de
fãs: A Madonna não é o ícone que ela é por causa de seu talento e sim pelo
número de fãs que conquistou. Por isso, Gustavo defende que a remuneração não
deveria ser por volume de vendas e sim pelo valor que os fãs representam: a
página do Guaraná tem cinco milhões de fãs, o que é quase um veículo, visto que
Veja tem um milhão de compradores.
CASE Vasco
Para entender melhor a função do marketing de guerrilha,
Gustavo usou como um dos exemplos, o case do Vasco da Gama. No começo de 2010,
o time carioca resolveu lançar um novo modelo de “camisa 3” (3º modelo de
uniforme de um time, normalmente festivo, que serve para os torcedores
comprarem uma camisa completamente diferente das que ele já tem), buscando
incrementar as vendas de camisas do time, que não estava indo tão bem, visto
que o Vasco não estava passando por uma boa fase nos campeonatos pelo qual
disputava. Entretanto, a camisa lançada não tinha nada a ver com as outras
camisas tradicionais do time, pois não tinha a faixa transversal, e sim uma
cruz, e, além disso, não tinha nenhuma ligação emocional com os torcedores,
visto que não se tratava de uma camisa festiva, que representasse alguma data
ou momento importante.
Com isso, foi necessária a criação dessa ligação emocional
com os torcedores e o engajamento deles, e para isso, deveria haver uma
história a ser contada por trás desta camisa. É neste momento que a agência Espalhe
entrou em cena: criaram a campanha Vasco na Pele. Consistia em espalhar a idéia
da criação de uma história por trás da camisa 3 do Vasco, que era tatuar o
maior número de Cruzes de Cristo (presentes nas caravelas da esquadra de Vasco
da Gama, e que ganharam destaque nas camisas do clube carioca) em torcedores
vascaínos.
A campanha se espalhou pelas redes sociais, e em pouco
tempo, milhares de pessoas se cadastraram no site para fazer a tatuagem. Com
uma execução incrível, o resultado não poderia deixar de ser o mesmo: equipes
de televisão e sites de notícias acompanharam a ação do começo ao fim, gerando
assunto e tornando a “marca” ainda mais admirada. Em 23 horas, foram feitas 806
tatuagens pelo tatuador Eric Codo, fazendo com que a ação fosse levada ao Livro
dos Recordes. Foram mais de 100 mil camisas vendidas, e hoje há uma ligação da
torcida com ela. “Não é simplesmente comunicar, é contar uma historia que
engaje o torcedor”, conclui Gustavo.
CASE Halls
Outro exemplo dado por Gustavo, é o da Kraft, que retirou subitamente
de circulação o Halls sabor uva, gerando uma insatisfação inesperada e até
certa revolta por parte de muitos consumidores da marca. Posto isso, um destes consumidores resolveu
“botar a boca no trombone”, e criou uma comunidade no Orkut que cobrava satisfações
por parte da Kraft além de apelar pela volta do produto. Essa comunidade tomou proporções monstruosas e contava com frases como: “temos
que fazer uma rebelião (...) e exigir que eles voltem a fabricar balas de uva
verde o mais rápido possível”. O buzz entre os consumidores de halls foi tão
grande que essa comunidade atingiu milhões de seguidores, todos com um mesmo
propósito, que era a volta do Halls verde.
Vendo esse
movimento quase nacional, na qual o revoltado Diego Barrabas, criador da comunidade
criada no Orkut, se tornou o embaixador da bala e uma espécie de celebridade, a
Kraft atendeu aos pedidos dos consumidores e relançou o produto. Até aí, já era
o motivo para a empresa ganhar earned media, porém, ela aproveitou a
oportunidade para potencializar a mídia espontânea e gerar mais notícia ainda,
ao criar uma ação extremamente simples: foram feitas estátuas com as próprias
balas sabor uva verde dos três fãs que mais se manifestaram e reivindicaram o
seu retorno. Acima disso, como se não tivessem impulsionado mídia o suficiente,
criaram um concurso para uma quarta pessoa ser imortalizada na estação de metro
mais movimentada de São Paulo, Sé. Esse caso foi um sucesso, pois, além de
gerar muita earned media, a Halls mostrou aos consumidores o quanto eles são
valorizados, o que aumenta o engajamento entre os dois lados.
Concluindo, a agência trabalha a partir desse público, da base de fãs que farão a comunicação para o anunciante, uma vez que tenham sido alcançados pela ação realizada pela Espalhe. Sendo assim, ela deve entender os consumidores, os assuntos do momento, o hype, para saber como entrar em cena e se comportar, com a finalidade de garantir uma resposta positiva, que gere repercussão. Outra habilidade necessária é de conhecer e saber usar as técnicas de relações públicas. Steve Jobs usufruía muito bem delas, cada produto lançado não era um simples produto, era uma notícia: ele não criava um computador, criava o computador mais fino do mundo, tampouco criava um celular que aliava tecnologia, design e inovação. Resumindo ambos os pontos, deve-se ter talento editorial e gerar conteúdo criativo e interessante constantemente para prender o público, não adianta gastar R$20,000 reais em uma campanha, ou para fazer parte do Salão de Automóvel, se o investimento não for comentado, twittado, ganhar mídia, ou gerar notícia. Portanto, a Espalhe não olha para quem quer atingir como consumidores e sim como veículo.
CSOS 6A
GRUPO 9
Adriana Amaral
Diego Biagi
Marcella Rosenberg
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